Caros colegas, este Blog tem como objetivo servir de ferramenta para os participantes da Formação Continuada dos Professores de Educação Física atuantes na Educação Infantil da Rede Municipal de Florianópolis, promovendo através de seu acesso a socialização de materiais e comunicação efetiva entre todos os professores.

Sejam bem-vindos !

domingo, 24 de junho de 2012

Apresentação de Trabalho de Conclusão de Curso

Título: Lugares da Educação Física De 0 a 3 Anos: Propostas e Práticas para a Educação Física Infantil no Município de Florianópolis
Bárbara dos Santos
Local: Auditório do Centro de Desportos - CDS/UFSC
Data e horário: 26 de junho - 9:30
Banca:
Prof. Dr. Alexandre Fernandez Vaz (UFSC/CNPq) - Orientador
Prof. Ms. Ana Cristina Richter (UFPR/UFSC) - Examinadora
Prof. Esp. Maria Favaretto Garbin (SME/PMF) - Examinadora
Prof. Dr. Jaison José Bassani (UFSC) -  Suplente
RESUMO
A presente monografia traz resultados de uma pesquisa sobre a Educação Física na Educação Infantil de 0 a 3 anos. Para tal foram realizadas observações em dois campos distintos de Educação Infantil da Rede Municipal de Ensino de Florianópolis, bem como entrevista com as professoras de Educação Física destas Instituições. Foram realizadas também análises de documentos que regem a Educação Infantil, como os Parâmetros Curriculares Nacionais para a Educação Infantil e as Diretrizes Pedagógicas Municipais de Florianópolis. O objetivo da pesquisa foi de responder algumas questões específicas sobre a Educação Infantil de 0 a 3 anos, como a especificidade da Educação Física, a escolha de conteúdos, as forma de organização do tempo, materiais e espaços utilizados, de comunicação, entre outros. Para a análise dos dados coletados foram desenvolvidas três categorias: a) As diferentes rotinas da Educação Infantil de 0 a 3 anos; b) Das práticas da Educação Física; c) Do cuidar em Educação Física. Foi possível observar a diversidade e qualidade das práticas presentes na rede e o comprometimento desses professores que, apesar de toda a dificuldade que encontram desde sua formação para entender e pensar a Educação Infantil, lutam e buscam sempre avançar com seu trabalho.

Palavras-chave: Educação Física na Educação Infantil, Educação Física de 0 a 3 anos.

terça-feira, 19 de junho de 2012

Creche Anna Spyrios Dimatos- Bairro Tapera/Florianópolis-SC



Na tentativa de considerar e oferecer novas perspectivas para o “Dia Interativo” é que surgiu o Projeto “Meia volta, vamos dar...” que na forma de um circuito oportunizamos experiências coletivas que possibilitem às crianças menores e maiores, profissionais e familiares pertencentes a esta comunidade educativa, interação, socialização, participação, expressão, brincadeira e diversão às diversas atividades como o teatro, as apresentações de dança, as contações de histórias, as diferentes brincadeiras e oficinas nos diversos espaços da unidade, complementando com a interação dos grupos com a Educação Física e as famílias. Este Projeto possibilita sobremaneira a ampliação do repertório físico, cultural, afetivo e social de nossas crianças, consolidando assim, todo o planejamento coletivo de nossa unidade. É importante salientar que a Educação Física desta unidade tem conseguido articular, incentivar e promover estas atividades, contando sempre com a parceria de todos os profissionais da creche.

Abraços. Andréa Silveira- Professora de Educação Física.

domingo, 3 de junho de 2012

PRÓXIMO ENCONTRO DIA 05.06.2012


Data: 05.06.2012

Horários: Grupo matutino: 8:00 - 12:00
                               ou
               Grupo vespertino: 13:00 - 17:00

 

Local: CEC (Eventos), na Rua Ferreria Lima 82 – Centro

sábado, 2 de junho de 2012

Relatório do dia 22/05/2012 - Formação Continuada dos Professores da Rede Municipal de Educação de Florianópolis - GI


No dia 22 de maio de 2012, às 09h e 15min, teve início o Encontro do Grupo de Estudos Independente da Educação Física na Educação Infantil. Ele contou com a presença de quinze (15) professores, bem como de uma bolsista do Núcleo de Estudos e Pesquisas Educação e Sociedade Contemporânea (UFSC/CNPq). O Encontro foi coordenado pelo professor Dr. Jaison José Bassani (DEF/CDS/UFSC) e teve como objetivo discutir aspectos da relação entre os Núcleos de Ação Pedagógica e a Educação Física, especificamente o tema Relações sociais e culturais: contexto espacial e temporal; identidade e origens culturais e sociais.
Jaison deu início ao encontro se apresentado e em seguida expôs a dinâmica de trabalho. Os temas a serem discutidos e pensados foram separados em cinco (5) momentos, sendo:
1º - Elementos que envolvem o NAP: relações sociais e culturais;
2º - Três conceitos: cultura, socialização, culturas infantis;
3º - Educação Física e relações sociais e culturais: técnicas corporais e os usos do corpo;
4º - Educação Física, Pedagogia e relações sociais e culturais: intersecções;
5º - Educação Física e relações sociais e culturais: o trabalho pedagógico com a(s) cultura(s) corporal(is).
Em seguida foi perguntado aos professores o que lhes parecia esse plano inicial, a resposta foi: “Ambicioso!”. Jaison destacou que tentaria contemplar todo o planejamento, mas que iria debater até onde fosse possível, não necessariamente encerrando-o naquele momento.
Primeiramente foi perguntado aos presentes se todos tinham conhecimento ou algum contato com o NAP em questão, sendo a resposta “sim”. Depois de uma breve conversa sobre o conhecimento e estudo dos professores sobre ele, Jaison diz que a idéia de encontrar Núcleos ou eixos é uma forma de garantir uma relação dialética entre a dimensão do cuidado e da educação, tendo em mente que eles transpassam os trabalhos dos diferentes profissionais da instituição.
Esse NAP tenta contemplar a diversidade cultural e social que caracteriza os sujeitos que frequentam as instituições. As discussões que são feitas pontualmente em torno desse Núcleo têm uma conexão bastante forte com os debates contemporâneos das Ciências Humanas e Sociais, tendo como reflexo a discussão pedagógica sobre o papel da escola e instituições educacionais na transmissão e produção cultural.
A escola surge em meados do século XVIII como uma instituição responsável por promover uma conexão social a partir de uma cultura unitária, comum a um povo, aparecendo como importante na construção das identidades nacionais, tornando-se guardiã de um determinado acervo cultural. Essa discussão contemporaneamente passa a ser fortemente tematizada pela idéia de que temos outros registros e formas de produção cultural desvalorizadas no âmbito dos projetos da constituição dos Estados Nacionais. Isso resulta no silenciamento de um conjunto de vozes na construção da relação entre escola, nação/estado e cultura.
Para Jaison não somente esse NAP, mas as discussões contemporâneas no âmbito das Ciências Humanas e Sociais, tentam mostrar a dificuldade do estabelecimento de um critério objetivo para selecionar e hierarquizar os diferentes registros culturais, justamente pela ampliação do conceito de cultura. Tentando pensar sobre as diferenças socioculturais, nesse NAP fala-se do respeito à diversidade, à alteridade, às crenças, às relações estabelecidas entre os grupos, com o próprio corpo, à constituição das famílias. Também chama a atenção para os elementos que de modo geral estamos bastante acostumados a observar no âmbito do trabalho pedagógico, ou seja, a multiplicidade de sujeitos, culturas, registros sociais, no universo da Educação Infantil.
Em seguida foi mostrado um recorte do NAP Relações sociais e culturais que diz: “As famílias representam o primeiro espaço de socialização dos bebês, ainda que a partir de um determinado momento esse processo seja compartilhado com outras instituições. É na família que as crianças constituem as primeiras formas de significar o mundo e de se reconhecer como parte de um grupo.”
Jaison nos alerta que existem diversas formas de conjugalidade no contemporâneo, sendo múltiplos os modos de construção dos relacionamentos, que não são mais apenas os casamentos entre homens e mulheres. As famílias tem se reconstituído atualmente em função de aspectos sociais e econômicos, ampliando-se, retornando com maior força a idéia de comunidade em torno dela, variando em alguns registros sociais, extratos econômicos, em determinados locais. Vemos famílias numerosas compostas não somente pelo pai e mãe, mas também pelos avôs, irmãos, primos, tios. Podemos perceber que as famílias possuem diversos arranjos, formas de se constituir, de ver se relacionarem seus componentes, com diferentes papéis sociais, tendo interferência direta na construção da identidade do indivíduo que nela convive, influenciando na forma como ele se reconhece no pertencimento a um grupo.
Observamos nas instituições educacionais a reconfiguração das famílias em função de uma série de rupturas sociais, culturais, políticas vividas nos últimos sessenta (60) anos, algo que foi alterando progressivamente os papéis sociais. Esse movimento de reconstrução influencia nas identidades individuais e coletivas. Devemos pensar como esses fatos criam demandas específicas, diferentes para o trabalho pedagógico no atendimento aos pequenos. Como possui interferência no modo de organizar as atividades, os tempos e espaços institucionais. É para essa inquietação e reflexão que o Núcleo tenta chamar atenção.
Outra citação do NAP é apresentada ao grupo: “Ao olharmos a composição dos grupos infantis nas instituições, não estamos a frente de um conjunto de crianças e adultos que se diferenciam somente pela idade com determinadas características biológicas, mas sim frente a sujeitos sociais constituídos e pertencentes a uma etnia, uma geração, um gênero, a uma cultura, aspectos que atravessam a composição das relações e a própria constituição dos seres-humanos, meninos, meninas, negros, brancos, asiáticos, indígenas, brasileiros, estrangeiros, moradores e moradoras do interior da ilha ou do centro urbano, católicos, evangélicos, do candomblé. Sujeitos constituídos por fatores sócio-culturais que os tornam ao mesmo tempo singulares, mas pertencentes a determinados grupos.” Jaison nos chama atenção para o fato de que mesmo pertencendo a uma mesma sociedade, cidade, pode-se ter um conjunto de relações que singularizam e diferenciam o sujeito. Portanto, temos no interior do tecido social distintos grupos que constroem suas identidades a partir de diferentes relações e elementos, um deles certamente muito forte há anos é a religião. Variados grupos constituem uma unidade educacional e a pergunta é se de fato possuímos uma instituição única, considerando esses diversos grupos sociais. A partir disso podemos refletir sobre as práticas pedagógicas dos docentes e a conduta institucional. Por exemplo, comemorar ou não a Páscoa? Festa Junina? E os feriados nacionais que têm como base a religião católica?
Após a pausa para o lanche, Jaison prosseguiu, referindo-se agora aos conceitos de cultura, socialização e culturas infantis. Inicialmente o foco foi nos variados sentidos, significados e usos da palavra cultura. Seu intuito foi mostrar esses usos e desnaturalizar um pouco as noções. Começou mostrando usos cotidianos do emprego da palavra em destaque.
Podemos dizer assim: “Pedro é muito culto, conhece várias línguas, entende de arte e literatura.” Ou “Claro que Pedro não pode ocupar o cargo que pleiteia, não tem cultura nenhuma, é um semianalfabeto.” Essas duas frases identificam cultura como posse de determinados conhecimentos, como de línguas, arte, literatura, ou vinculados à alfabetização, sendo isso um elemento caracterizador da cultura, aparecendo ela como sinônimo de algo superior, causando uma distinção entre indivíduos. O ministrante alerta que esse sentido de cultura não tem qualquer relação com o conceito que gostaria que entendêssemos. A terceira frase destaca a idéia de uma cultura própria de determinada coletividade, como franceses, alemães ou brasileiros. Podemos observar que a cultura significa uma identidade coletiva, havendo comparação entre várias.
É preciso considerar cultura e diferenças sociais – cerne das discussões do NAP, sobretudo em um país como o Brasil, em que diferenças econômicas e sociais são muito grandes, onde a cultura é, portanto, uma maneira de identificar e distinguir os indivíduos e grupos sociais, legitimando as desigualdades sociais.
Na frase seguinte é possível observar uma vinculação entre cultura e diferenças sociais, quando é falado em cultura de massa e de elite, “Ouvi uma conferência que criticava a cultura de massa, mas me pareceu que a conferência defendia a cultura de elite. Por isso, não concordei inteiramente com ela.” (Adaptado de CHAUÍ, 2000). Podemos perceber a distinção e valorização de maneira diferente dos tipos de cultura, sendo a de massa referente ao povo, conjunto da população não pertencente à elite. Essa separação é consequência de uma sociedade fragmentada.
Outro sentido que pode ser encontrado para a palavra cultura é quando utilizada para referenciar uma etnia, como na frase “O livro que estou lendo sobre a cultura dos guaranis é bem interessante. Aprendi que o modo como entendem a religião e a guerra é muito diferente do nosso.” (Adaptado de CHAUÍ, 2000). Aqui se fala dos guaranis e seus costumes, ações, modo de vida.
Há vários significados para a palavra cultura, empregamo-la e a seus derivados de diversas maneiras na nossa linguagem cotidiana. Jaison apresenta dois significados iniciais da noção de cultura, segundo a filósofa Marilena Chauí, sendo o primeiro relacionado à origem da palavra em questão, que vem do verbo latino colere, que significa cultivar, criar, tomar conta e cuidar, Cultura significa o cuidado do homem com a natureza. Donde: agricultura. Significa, também, cuidado dos homens com os deuses. Donde: culto. Significa ainda, o cuidado com a alma e o corpo das crianças, com sai educação e formação. Donde: puericultura. A Cultura era o cultivo ou a educação do espírito das crianças para tornarem-se membros excelentes ou virtuosos da sociedade pelo aperfeiçoamento e refinamento das qualidades naturais. No segundo sentido, a partir do século XVIII, cultura passa a significar os resultados daquela formação ou educação dos seres humanos, resultados expressos em obras, feitos, ações e instituições: as artes, as ciências, a Filosofia, os ofícios, a religião e o Estado. Torna-se sinônimo de civilização.
No primeiro significado percebemos que cultura e natureza não se opõem, sendo cultura uma segunda natureza – adquirida pela educação e pelos costumes, que melhora, aperfeiçoa e desenvolve a natureza de cada um. Já no segundo sentido, há oposição entre natureza e cultura, quando esta remete ao reino da finalidade livre, escolhas racionais, dos valores, da distinção entre bem e mal, verdadeiro e falso, justo e injusto, sagrado e profano, belo e feio; e natureza significa reino da necessidade causal, do determinismo cego. Esse segundo conceito que ganha preponderância dos três (3) séculos que nos separam do período XVIII, ganha maior materialidade. Marilena Chauí diz que:
A medida que este segundo sentido foi prevalecendo, Cultura passou a significar, em primeiro lugar, as obras humanas que se exprimem numa civilização, mas, em segundo lugar, passou a significar a relação que os humanos, socialmente organizados, estabelecem com o tempo e com o espaço, com os outros humanos e com a Natureza, relações que se transformam e variam. (CHAUÍ, 2000, p.373).

Mas afinal, o que é cultura? No sentido amplo, histórico-antropológico, são as práticas, hábitos ou modos de vida de determinado grupo. Esses elementos todos os agrupamentos humanos possuem, estes têm diferente maneiras de realizar as suas práticas, só podemos assim falar em culturas. No sentido restrito, cultura está ligada à idéia de “cultivo do espírito” – espírito não ligado a religiosidade, mas sim aquilo que é produzido sobre a natureza, cultura como criação de obras da sensibilidade e imaginação e como criação de obras da inteligência, reflexão.
Sumariamente, nos dois sentidos temos a cultura como a maneira pela qual os humanos se humanizam por meio de práticas que criam a existência social, econômica, política, religiosa, intelectual e artística. Esse sentido de cultura o NAP parece reforçar, sua amplitude chama a atenção para os diferentes grupos sociais, e seu caráter restritivo para as distintas maneiras, práticas, modos de vida desses grupos.
Devemos ter em mente que as crianças possuem origens socioculturais diversas e assim vão de alguma maneira estabelecendo filtros, formas de se relacionar com artefatos culturais. O NAP Relações sociais e culturais nos faz colocar atenção na valorização desses elementos, não implicando em deixar de produzir progressivamente contato com outras formas de cultura.
Como o tempo estava se esgotando e muitos assuntos não foram trabalhados, em comum acordo, ficou agendado para dia 19-06 continuarmos o estudo. Estejam todos convidados.

Referência:

CHAUÍ, Marilena. Convite à filosofia. São Paulo: Ática, 2000.