Caros colegas, este Blog tem como objetivo servir de ferramenta para os participantes da Formação Continuada dos Professores de Educação Física atuantes na Educação Infantil da Rede Municipal de Florianópolis, promovendo através de seu acesso a socialização de materiais e comunicação efetiva entre todos os professores.

Sejam bem-vindos !

domingo, 17 de abril de 2011

PRÓXIMO ENCONTRO DIA 26.04.2011

Data: 26.04.2011

Horário: 09:00 - 12:00

Local: CEC (Eventos), na Rua Ferreria Lima 82 – Centro

Pauta: Debate das Diretrizes - o texto foi encaminhado por e-mail.

Obs: Quem não recebeu o e-mail favor entrar em contato com grupoindependente.efinfantil@gmail.com

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Relatório do dia 12/04/2011 - Formação Continuada dos professores da Rede Municipal de Educação de Florianópolis

O início do encontro estava marcado para as 9h00min, mas em função do atraso de alguns integrantes do Grupo Independente (GI), teve início apenas às 9h45min. A professora Inelve então reforçou a importância de se chegar no horário para que todos possam aproveitar ao máximo o já pouco tempo de duração da formação. Falou também um pouco sobre o funcionamento do GI, para aqueles que vinham pela primeira vez, e todos se apresentaram de forma breve. Estiveram presentes treze professores da Rede Municipal de Ensino de Florianópolis (dos quais três eram do sexo masculino) e uma bolsista do Núcleo de Estudos e Pesquisas Educação e Sociedade Contemporânea (UFSC/CNPq), coordenado pelo Professor Alexandre.

A apresentação do texto previsto para o encontro - “Corpo e movimento: notas para problematizar algumas questões relacionadas à Educação Infantil e à Educação Física”, de Deborah Thomé Sayão - teve início com o professor Alex colocando que ele que havia sugerido trazer ao GI tal trabalho. O professor justificou sua opção dizendo que além de o texto ter sido elaborado por autora que ainda está “à frente” do seu tempo no que diz respeito às discussões acerca da Educação Física na Educação Infantil, tendo a produção mais significativa no assunto até o presente, trata-se também de um “texto-chave” dentre as publicações da autora, pois nele ela começaria a defender a presença da Educação Física na Educação Infantil.

O professor Alex era também o responsável pela apresentação do artigo, e enquanto a realizava, fez diversas relações com outras publicações, com exemplos advindos do cotidiano escolar, bem como relembrou “o perigo” de nós, como professores de Educação Física, não mais fazermos parte da Educação Infantil se não nos posicionarmos com relação à nossa importância nesse ambiente.

Continuando a apresentação, o professor Alex afirmou que com a sociologia da infância, essa última passa a ser vista como uma “geração”, como um tempo específico de vida. Todavia, por mais que a infância seja tratada de diferentes formas, nos mais diferentes locais do mundo, ainda ocorre a predominância do adultocentrismo. O professor expõe que a autora aborda a discussão sobre gênero, aprofundando o tema, posteriormente, em sua tese de doutorado. O GI coloca que a predominância feminina no magistério como sendo um possível problema, como traz o artigo, é presente ainda hoje, dez anos após sua publicação. Isso não em virtude de uma diferença física ou de capacidade entre os dois gêneros, mas sim em função de uma diferença cultural, de submissão e exploração das mulheres em relação aos homens.

Um dos pontos importantes na autora, também citado pelo professor Alex, é que ela estudou os professores de Pedagogia e de Educação Física em formação, pois acreditava que eles eram parte fundamental do processo de ensino-aprendizagem; que, todavia, nem sempre recebiam a formação ou educação cultural mais adequada para desempenhar tal papel.

Dentre as principais barreiras para Educação Física na Educação Infantil, a autora aponta a psicomotricidade, que mesmo tendo recebido maior aceitação na década de 1970, influenciaria de forma considerável ainda nesse século.

O professor Alex ainda ressalta que diferentemente dos demais autores, principalmente em anos anteriores, Sayão era a única a apontar “saídas” para a Educação Física na Educação Infantil, como coloca no texto em questão: a massagem feita nos e pelos alunos, e a construção de brinquedos com material reciclado, como atividades para se realizar com as crianças. Ela não só critica e aponta o que não deve ser feito, ela dá soluções e encaminhamentos.

Foi comentado também sobre a não disponibilização dos professores de Educação Física para brincar com as crianças, e como podem ser graves as reações resultantes da “falta do toque” entre os seres humanos, algo comum hoje em dia. A discussão sobre os espaços das aulas de Educação Física como “ambientes de poder”, visto que esse sugere e/ou limita atividades e a criação das crianças, mesmo que por vezes não percebamos, também foi abordada.

Como uma das debatedoras escolhidas para o encontro, a professora Adriana expôs a todos o quanto esse texto ainda é atual, mesmo tendo se passado dez anos; afirmou que a psicomotricidade realmente não é a solução para a Educação Física na Educação Infantil; e sugeriu que o GI pensasse um pouco sobre “que marcas nós vamos deixar nas nossas crianças, como as vezes elas lembram de só ficarem no banco durante a Educação Física da escola? Se é que elas lembram alguma coisa da tenra idade...”.

O professor André, como o outro debatedor, critica o romantismo presente com relação às crianças, na sociologia da infância, dizendo que para ele “as crianças não são anjos”; falou que não podemos nos esquecer do quanto o esporte tem a oferecer para a Educação Física na Educação Infantil, contanto que não seja o esporte de rendimento; e questionou o fato da Sayão afirmar que as crianças são produtoras de cultura.

Em seguida, os outros integrantes do GI discutiram sobre algumas das questões apresentadas, bem como trouxeram outras à tona. Uma delas se referia a brincadeira com objetivo pedagógico, ou como com fim em si mesma e somente como forma de se expressar das crianças. Outra das integrantes do GI não entendia como deveria proceder ao formular seu plano de aula com relação a essa questão. Uma das colegas então respondeu que o professor deve traçar seus objetivos, mas sempre dando liberdade para e tendo consciência que os alunos não terão os mesmos objetivos.

O tópico da cultura como sendo ou não produzida pelas crianças trouxe algumas discordâncias, pois se por um lado alguns professores afirmavam a existência de uma cultura própria das crianças, outros diziam que a cultura consiste em sistematização, e que as crianças não teriam os elementos necessários para tal.

Sobre as crianças “não serem anjos”, lembrou-se que, de acordo com Vigotsky, é na infância que também se formam os princípios de barbárie. Além de quê, as crianças sempre têm intencionalidade em suas ações, mesmo que não tenham consciência delas. Após algumas falas sobre a necessidade de se conversar com as crianças quando elas fazem algo errado, uma das colegas colocou que crianças pequenas simbolizam pouco, que o professor é que a ajudará nesse processo, de modo que os exemplos dados por nós podem ser muito mais válidos do que “sermões” e “conversas no canto da sala”. Lembrou o quão difícil pode ser servimos de exemplo o tempo todo, pois nós também cometemos erros, e acrescentou: “Não somos seres humanos perfeitos e por vezes, exigimos que as crianças o sejam.” Por fim, o GI conversou sobre a mudança da atividade prevista para o próximo encontro, no dia 26/04. Em vez de um Relato de Experiência, será discutido o texto elaborado por alguns integrantes do GI sobre Diretrizes para a Educação Física na Educação Infantil. A mudança foi sugerida pelo professor Alexandre Fernandez Vaz, para que os outros integrantes do GI conheçam e possam contribuir com críticas e sugestões ao material elaborado.