Caros colegas, este Blog tem como objetivo servir de ferramenta para os participantes da Formação Continuada dos Professores de Educação Física atuantes na Educação Infantil da Rede Municipal de Florianópolis, promovendo através de seu acesso a socialização de materiais e comunicação efetiva entre todos os professores.

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segunda-feira, 24 de agosto de 2009

RELATÓRIO 04/08

Para este encontro estava programado o fechamento dos textos e o encaminhamento para as atividades do segundo semestre. Devido ao baixo número de professores que compareceram, adiamos o fechamento dos textos para a primeira parte do encontro seguinte, que estava previsto a realização da oficina de dança, que será possivelmente realizada em outra data e substituímos por um relato de experiência na segunda parte.
Sem uma temática específica devido às circunstâncias, surge o desejo das professoras mais novas do grupo, com pouco tempo de experiência na Educação Infantil, de saber como é realizada a avaliação, e então, as professoras socializaram como elas estão encaminhando esta questão em suas instituições.
Conta-nos uma das educadoras que a avaliação em sua creche, que possui 6 salas, é feita de forma descritiva e individual, porém cada professor fica responsável por um determinado número de crianças, e depois essa avaliação é socializada, ou seja, todos os educadores têm acesso às avaliações dos demais e podem também contribuir, agregando alguns pontos que a professora possivelmente não percebeu.
Outra educadora relatou que em sua instituição a avaliação é feita por turma, em que a professora de sala faz o relatório de cada criança de sua turma, mas a Educação Física, por ser uma prática realizada com todas as turmas da instituição, assume outro modelo de avaliação. No dia de avaliação, a creche continua funcionando normalmente e apenas uma sala não tem aula, que é exatamente a sala que está tendo avaliação, e somente os pais das crianças desta turma comparecem. Neste dia, a professora de Educação Física fica em uma sala e atende um pai por vez. Ela procura mostrar o que a Educação Física tem feito, através de fotos, falando das atividades propostas, enfim, mostrando o caminho trilhado pela Educação Física, então, a avaliação da Educação Física acontece de forma coletiva, em que a professora avalia a turma de um modo geral, pois como ela relata “ é complicado fazer uma avaliação individual, não tenho condições de fazer uma avaliação fidedigna de 100 crianças “. Nesta fala, percebemos a preocupação em não fazer uma avaliação deficitária, que não retrate o que a criança é todos os dias na instituição.
Este modelo de avaliação adotado pela Educação Física, conta-nos a educadora, tem dado um resultado positivo, “os pais se envolvem mais”. O contato direto com os pais estreita as relações entre as famílias e a instituição, “os pais vêem as fotos e falam: Ah, meu filho tem feito isso em casa, quando a gente foi pra praia ele fez, por isso que ele tem perguntado”.
Outra professora presente no encontro conta-nos que devido a alguns empecilhos ocorridos ao longo do semestre, como greve dos professores no município e greve de ônibus, não foi possível viabilizar o contato com os pais, como normalmente ocorre. Porém, ela ressalta que “os filhos adoram que os pais vão à instituição, e os pais conseguem perceber que isto é importante, e este contato é garantido através de eventos e da avaliação”.
Um tema presente nos debates empreendidos pelo grupo já algum tempo, a organização do tempo pedagógico voltou a tona neste encontro, isto porque, novas professoras estão conseguindo organizar a carga horária semanal de outra forma, diferente do modelo tradicional baseado no modelo escolar. Este dado, de que novas professoras colocam em prática propostas de superação da atual organização prevista pela Secretaria Municipal de Educação, de três encontros semanais com quarenta e cinco minutos, está fortemente vinculado ao histórico do grupo, que tem acumulado ao longo de sua trajetória, valiosos debates e propostas inovadoras.
Uma proposta apresentada neste encontro foi a de organização por período, em que a Educação Física se insere na rotina da turma, acompanhando e participando das atividades da professora de sala e também propondo outras atividades que contam com a participação da professora de sala. Este momento privilegiado de troca de informações sobre as crianças é também um espaço para observar as crianças em outras situações. É preciso destacar que propostas inovadoras não são efetivadas de maneira individual, é necessário contar com a colaboração dos demais profissionais da instituição, ou seja, ser um desejo da unidade, e que é construído com o tempo.
Iniciativas de superação do modelo tradicional caminham na direção de um maior entendimento dos profissionais sobre o tempo das crianças, onde a organização pautada pelo tempo cronológico do mundo adulto não faz tanto sentido, sendo assim, os momentos de quarenta e cinco minutos da Educação Física podem durar um turno inteiro. Porém, é necessário frisar que isto não impede, de maneira alguma, que boas práticas sejam desenvolvidas em quarenta e cinco minutos.
O que colocamos em questão é esta estrutura sólida das três sessões semanais de quarenta e cinco minutos, enraizada no modelo escolar e que perdura na Educação Infantil há muitos anos. A organização do tempo pode variar de acordo com o interesse das crianças ou com os objetivos do professor, e como conta-nos uma educadora, percebe-se diferença de tempo entre as turmas, ou seja, uma atividade que foi realizada em 30 minutos com o grupo de 3 anos, pode durar 2 horas com o grupo de 5 anos.
Finalizando o encontro, os novos integrantes do grupo, que começaram a freqüentar este ano, falaram um pouco sobre a impressão estão tendo e de que forma o grupo tem contribuído.
Professora 1 “ O grupo de estudos está sendo essencial. Nuca tinha trabalhado com Educação Infantil, estou levando muito coisa boa para o meu dia-a-dia, tá me ajudando a refletir, os textos ajudaram a esclarecer o que é a Educação Física na Educação Infantil. Aos poucos vou conseguindo meu espaço na instituição. Não venho procurando uma coisa pronta, venho buscar ferramentas, ver se isso acontece só comigo, se as angústias são também as de outras, as inquietações, as inseguranças”.
Professora 2 ” Onde eu trabalhava tinha grupo de estudos, mas nada era da Educação Física, ficava só para o tema mais geral. O grupo de estudos foi bom porque reuniu um monte de professores de Educação Física que discutem. É um espaço muito legal, que querem construir um bom trabalho. É bem dosado a questão do teórico e prático”.
Professora 3 “ Vejo o espaço do grupo como fonte de alimento. Você nem sempre leva soluções, mas você compartilha. Nas instituições, você se sente meio sozinha, não tem com quem compartilhar, dividir isso. O grupo de estudos é essencial enquanto profissional. O coordenador pedagógico nem sempre é um aliado seu, tem uma visão cristalizada dos professores de Educação Física, visto como malandro”.